“As mulheres querem encontrar o equilíbrio entre carreira e família." Essa fala de Carmem Madrilis, sócia-fundadora da Mãe Corporate, diz muito sobre a realidade das mães e profissionais brasileiras.
Segundo uma pesquisa feita pela Mãe Corporate, consultoria que desenvolve estratégias para a equidade de gênero nas empresas, em parceria com a organização Movimento Mulher 360, "84% das mulheres entrevistadas já pensaram em deixar o emprego atual para cuidar dos filhos, 87% dizem que a situação financeira é importante para a permanência e 98% dizem que suas empresas são acolhedoras na volta da licença-maternidade, mas não o suficiente para que elas não pensem em deixá-las."
Essa pesquisa reflete a realidade de empresas que ainda não avançaram além da legislação prevista quando o assunto é maternidade. Dar as condições necessárias para que a mãe possa continuar trabalhando é o mínimo que se pode fazer para buscar a igualdade de gênero. Para isso, já existem opções que ajudam tanto as empresas quanto os profissionais, como as licenças estendidas, a licença paternidade de 20 dias ou mesmo o trabalho remoto (home office).
Consequência da falta de direitos na maternidade, uma realidade que ainda está presente na estrutura social, as mães não têm a oportunidade mínima de atender as demandas das empresas e acabam sem emprego. No Brasil, graças a essa triste situação, "48% das mulheres são demitidas após dois anos de retorno da licença-maternidade." (Pesquisa Fundação Getúlio Vargas)
Verdades como essa geram insegurança às mães no momento que a licença termina. Além disso, outros fatores interferem a permanência nos seus empregos. São eles: falta de flexibilidade, da possibilidade de crescimento, de estabilidade e de reconhecimento (Pesquisa Mãe Corporate e Movimento Mulher 360).
Em outros casos, algumas profissionais mudaram suas estratégias e criaram seus próprios negócios para poder tocar suas empresas de dentro de casa. É o que aponta uma pesquisa feita pelas autoras Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi para o livro Minha Mãe É um Negócio, onde 58% das entrevistadas tomaram esse caminho.
“O home office é o trabalho em domicílio moderno, que sempre existiu. Trabalhar de casa tem sido uma estratégia para mulheres com filhos pequenos e vontade de exercer de uma forma específica sua maternidade”, aponta Bárbara Castro, socióloga e professora da Unicamp. Em outras palavras, o trabalho em casa por muito tempo foi uma das poucas práticas que as mulheres poderiam ter. No momento de empoderamento em que vivemos hoje, o home office surgiu como uma forma de dar dignidade à mulher que é mãe e quer ter seu trabalho reconhecido.
Assim, "mulheres com filhos encontraram no empreendedorismo uma oportunidade para se recolocar no mercado de trabalho." (Revista Exame)
Porém não são todas as mães que podem criar seu próprio negócio. O que torna essencial o investimento em um olhar humano sobre a maternidade, fazendo com que as empresas deem mais oportunidade e respeito para as novas mães que possuem suas carreiras consolidadas.
Fonte: Revista Exame e Você S/A.